terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Vai chocolate?

Hoje sonhei que estava em um ônibus, desses fretados que levam as pessoas para o trabalho de manhã.
As pessoas sempre tomavam o mesmo ônibus todos os dias, mas não se falavam e nem se conheciam, como é muito comum.
Entrou um dos passageiros costumeiros no ônibus, um homem sorridente, portando uma enorme barra de chocolate.
Ele deu alguns pedaços para umas amigas sentadas na frente do ônibus, e em segundos, já estava todo mundo olhando a cena.
Percebendo isso, homem sorridente propôs o seguinte: "Olha, que tal se a gente fizesse uma brincadeira? Cada um joga a barra de doce para o passageiro seguinte, e quem pega tem que falar o próprio nome, certo?"
Falando isso, o chocolate foi sendo jogado de mão em mão. As pessoas tiravam um pedaço e embrulhavam de novo para passar para a próxima. Notei que algumas pessoas apenas diziam o nome, sem comer o chocolate. Finalmente, havia também aquelas que apenas tiravam sua lasca do doce, sem pronunciar nem uma palavra.
Cada um tinha sua própria disposição interior para participar. Alguns, com caras cansadas, apenas aproveitavam para tirar o maior pedaço possível do doce, outras só queriam brincar de jogar...

Quando a barra caiu na minha mão, num gesto reflexo, joguei no colo de uma garota em frente, que estava sentada e chorando, já comendo uma pilha enorme de doces. Ela simplesmente pegou o embrulho do colo, abriu, e sem ao menos olhar pra cima, enfiou inteiro o restante do doce na boca e começou a mastigar tudo de uma vez. E continuava a chorar, ensimesmada...

Ao verem o que aconteceu, as pessoas sentaram em suas cadeiras, e se recolheram novamente para dentro de si mesmas, como costume. Como ficariam o resto desta viagem, e provavelmente, de todas as próximas.

Por Sandro

Nota posterior do autor: Vixe, esse texto midicrizô geral, heim?? Ficou parecendo aquelas mensagens piegas que rolam na internet.

domingo, 28 de janeiro de 2007

Qual o seu lugar no bando?


Há uma teoria que diz que os seres humanos descendem dos macacos. Eu pessoalmente, considero que esta teoria está errada: os seres humanos são macacos.
Além dessas duas teorias (a minha e a daquele figura, o Darwin) há uma terceira, a "criacionista": advoga que deus criou tudo o que existe só para o deleite e expensas do ser humano - um ser à parte da natureza, semi-divino e divinamente mimado.
Essa última teoria é relativamente bem aceita, pois nos coloca numa posição lisonjeira, ainda por cima muito prática: se deus criou tudo para nós, então temos o direito de poluir tudo, arrasar com os recursos naturais e explorar os outros seres vivos sem nenhum remorso.

Mas o que eu gostaria de falar é sobre o macacão humano e seu hábito de andar em bandos.
Temos o "bandão" maior, que chamamos de Sociedade, e os "bandinhos" menores que chamamos de família.
Fora estes, ainda existem os outros bandos, chamados de clubes, religiões, congregações, que deveriam tratar de pontos comuns, e os bandos políticos, cujo único ponto em comum é acreditar que o ponto do vista dos outros bandos políticos está absolutamente errado - em oposição ao próprio, absolutamente certo, é claro.

A essência do bando é que o macacão maior vai mandando no macacão menor, até chegar no macaquinho. E o macaquinho, coitado, não tendo em quem mandar, tem que fazer o serviço. Então, quando o macaquinho chega em casa, chuta o cachorro e briga com a sua macaca. (Daí que surgiu a expressão "estar com a macaca" ).

Mas nem todos os macacões maiores são grandes mesmo. Alguns, já estão meio barrigudos, ou encarquilharam, ou nasceram franzinos mesmo. Então, o que fazer? Por essas eles inventaram um novo conceito para se diferenciar dos outros macacos: o status. Palavra que vem do latim, e tem o sentido de situação, ordem, condição, ou estado. (Dá o que pensar o fato de os territórios serem divididos em Estados). Portanto o Status é a condição em que o macaco está no grupo.

Mas para o status funcionar, tem que ser promulgado pelo macacão imediatamente superior. Mas quem dá o status ao macacão imediatamente superior? O macacão respectivamente superior a ele próprio, e assim sucessivamente, até chegar no macacão super-excelsior-poderoso-gala-luxo.

Outra coisa interessante é que para o macacão humano, não basta ter o status; é necessário mostrar o status para os outros macacos humanos. (Senão qual é a graça?)
E para isso, ele colocou a sua caixola para funcionar, e com seu neocórtex privilegiado (vantagem evolutiva em relação aos outros macacos), inventou os símbolos de status. Bolsas Prada, ternos Gucci, celulares minúsculos (não importa se os botões são menores que o dedo humano), Ferraris, calçados que atendem ao grito da moda (e fazem os pés gritarem de dor) e alimentos pra lá de esquisitos fazem parte desta categoria. Mas para tudo isso funcionar, é necessário que todos os macacos entendam o significado do símbolo de status. Para isso, foi inventada a propaganda, e a assessoria de imprensa, mas essa é outra história...

Numa família (o bandinho pequeno, lembra?), o macacão super-excelsior-poderoso-gala-luxo é chamado de patriarca.
Isso significa que ele se senta sempre na cabeceira da mesa. (A mesa de jantar de uma casa é o verdadeiro "divisor de águas" duma família: é nela que se conhece verdadeiramente quem é quem na hierarquia social - isso se deve a que os parentes não usam crachás como acontece em uma empresa).

Num próximo post eu escrevo mais sobre a dinâmica familiar.

Do Sandro

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sábado, 27 de janeiro de 2007

Silêncio lá fora, silêncio aqui dentro

Tem dias que queremos apenas ser. Somos fluidos.
Eu penso em escrever, mas escrever pode me tirar dessa calma.
O estado interior conquistado em um feriado prolongado, e algumas horas de tentativas de meditação. Silêncio lá fora, silêncio aqui dentro, o ar quente energizado pelo calor do sol.
A linguagem atrapalha, o ter que seguir tentando quebrar as arestas da expressão verbal.
Os pensamentos não cabem nas palavras: como o universo pode caber em dedais?
Nada que não consiga com o esforço de concatenar os pensamentos e forjar palavras, arranjar tudo em estruturas verbais, dar sentido, nexo, começo-meio-e-fim, e todas as outras coisas necessárias quando queremos escrever coisas respeitáveis aos outros. (Aos amantes, estas não são necessárias; com pedacinhos de palavras, se comunicam muito bem.)

De repente, ser. E está bom. Apenas ser. (Isso seria exatamente o que "os outros" chamam de preguiça?)
Impossível colocar em palavras. Impossível colocar na caixinha para poder consumir depois.
Mas tão necessário... Se tentar descrever, os outros dirão: "não é um bom texto", "não é uma boa explicação". Se fosse, (se tornaria plena atividade), não mais seria...

Por Sandro

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

MM's, a série para colorir: A Mulher Tombada

Está no anúncio de página inteira da revista semanal de variedades.
Suspensa num pedestal e no salto alto, a mulher monumento, devidamente repaginada, esculpida a faca, modelar...
A mulher bibelot, sem espaço vivo para se mover, além do nível do chão, onde caminham os humanos.
A mulher fossilizada, preservada das intempéries, das vicissitudes e da própria libido.
A mulher digna de nota e passível de cópia.

MM's= monstruosidades mudernas/ modos mudernos/ modas mudernas


MaFê

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sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Às vezes eu esqueço...

Das "regras" sociais. Quer dizer, daquelas regras não-escritas e não faladas, mas que todo mundo segue, mesmo sem saber bem por quê.

Coisas como:
- não olhar nos olhos do seu interlocutor;
- não sorrir para estranhos na rua;
- não puxar papo com outras pessoas ainda desconhecidas (principalmente se elas forem mais bonitas ou, no momento, estiverem mais bem vestidas que você)...

Já vi gente entrando rapidinho no elevador do prédio, pra não ter que falar bom dia.

Mas o que eu quero falar é sobre um dia que um colega apresentou suas amigas, ex-colegas de trabalho.

Cumprimentei todo sorridente, perguntei o nome, e comecei a conversar normalmente.
Uma das amigas se desviava, olhando para baixo, enquanto a outra (a mais bonita) ficava o tempo todo mexendo e mostrando a aliança.

Ué. O fato de querer conhecer, fazer amizade, não significa que estou romanticamente ou sexualmente interessado nelas. Então porque ela teve que ficar mostrando a aliança? Do que ela tinha medo? De que eu atacasse ela, ou ao contrário, ela mesmo não aguentasse, e me atacasse ali na frente de todo mundo...?

Fico pensando se na cabeça das pessoas, conversar animadamente seria uma forma de "traição". "Ah, se meu marido/namorado me visse conversando animadamente com outro homem, ele ficaria louco".
Como se a alegria e descontração fossem propriedade particular do ser amado, reservando a conversa sóbria ou meramente funcional para os outros indivíduos não-eleitos.

E mesmo que por exemplo, qualquer outro homem estivesse a fim, o que há para se ter medo?

Só posso imaginar que se trata do medo de não saber dizer não.

Por Sandro

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Energia Gósmica

Você está á toa na vida, sem saber que o *Amor* já te chamou e de repente...
Sbleg.
Algo gosmento gruda em você.

Pode ser um aviso de uma situação, sentimento ou emoção que você não conhece ou lida muito bem.
E, neste caso, a pessoa que te “despertou” para essa “ignorância” de si mesmo pode ser considerada seu “mestre de dificuldade”.

Você fica à toa na vida, hummmm.... *Amor*, qu’est-ce que c’est?!? e sbleg...
Vai, confessa, dar uma chafurdadinha na lama já virou um passatempo: uma maledicência aqui, um resmungo ali, uma murmurada acolá, e você atolado na lama.
Essa lama não trata a Beleza Pura não, mané!!!

Você está ativo na vida, exercitando experimentar *Amor* e sbleg.
Você já entendeu onde você trava, onde não flui, está tomando as devidas providências e vem aquela pessoa de novo tentar enlamear sua figura.
Bem aquela pessoa, que você já julgou como “mestre de dificuldade” um dia.
Existem pessoas que só estão ali para nos fazer perder Tempo e energia destinada ao nosso auto-desenvolvimento.
Elas não estão ali para ajudar, e sim para atravancar.
Estão ali porque já morreram em vida, pararam, congelaram e não suportam a visão da Vida fluindo nos corpos dos outros.

Olho vivo e faro fino,
e um banho de esguicho.

( )=> *Amor* abrange, neste texto= compaixão, solidariedade e amor, que são sentimentos diferentes e independentes



MaFê

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terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Instantâneo

Despeje o conteúdo do pacotinho, coloque água, mexa e pronto...
Se alimente.
Devore.
(Tudo.
Imagens.
Comportamentos.
E seja devorado...)

Ninguém espera cinco anos para obter algum resultado.
Quem quer resultados, quer na hora.
Para se obter maestria , não se espera, se vivencia.
No viver, o processo é mais interessante que o resultado propriamente dito.

O resultado vem das escolhas.

MaFê

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Falando em bisoiação perserverante...

Ontem eu assisti um programa daqueles de "atelier na TV", não lembro qual emissora.
Havia uma pintora apresentando uma técnica de "pincel cheio".
Ela pintava o quadro em minutos. Tinha 20 anos de prática.
O apresentador do programa ficou entusiasmado e disse: "Olha, a espectadora, se praticar todo dia, em cinco anos consegue fazer também"
Hmm... já foi bem diferente do que conseguimos ver na televisão normalmente. "Aprenda a pintar (ou bordar, cozinhar, emagrecer, etc) em 5 minutos!"
A artista mesmo ficou reticente em calcular um tempo de aprendizado, mas concordou que se "a espectadora treinar duas horas por dia... vai conseguir"
(Ah, porque os programas que falam de arte são sempre voltados para o público feminino? Parece que o assunto arte se trata de algo "vedado" à esfera masculina.)
Mas a questão é a seguinte:

Quem vai querer esperar cinco anos para obter resultado em alguma coisa..?

do Sandro