terça-feira, 29 de maio de 2007

Anestesia

Física=> a do dentista, a aspirina, que “tira” a dor com a mão; e que dopa nossos receptores.

Emocional=> olhamos pra calçada onde “jaz” um cobertor que pulsa e ignoramos o semelhante que ali reside.

Moral=> os escândalos se sucedem: mensalão, navalha e começamos a achar normal, que sempre foi assim e que “política é a arte da safadeza”.

por MaFê

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terça-feira, 22 de maio de 2007

O virtual distrai as pessoas do real? Ou pode ajudar? - II



Sandro: As pessoas estão marcando encontros e formando clubes fechados no Second Life.
MaFe: Afffe... Um clubinho exclusivo dentro do clubinho exclusivo. Qual é a configuração mínima de PC e Conexão pra ter aceso ao clubinho? Bem democrático, né?
Sandro: Isso é um passatempo.
MaFe: Reflete bem o jeito egocêntrico da vida atual. Eu não consigo achar graça em algumas coisas. Quando penso na grana que vai pelo ralo no Second Life e nos cremes anti-idade, por exemplo. Os cremes anti-idade, em sua maioria, são formas perfumadas e coloridas de transferir o $$$ da sua conta para a do fabricante e intermediários! Quanta gente viveria melhor com isso, quanta escola daria pra abrir, quanta possibilidade de diminuir a pobreza.
Sandro: Um dia o Second Life servirá pra alguma coisa. A própria internet, no inicio, não tinha muita utilidade prática.
MaFe: Tinha sim. Servia pra trocar correspondência. Pra comentar experiências.
Sandro: A Web não tinha.
MaFe: A BBS tinha.
Sandro: Eu participei do desenvolvimento da web em 96. Eu sei e posso falar. Era uma droga. Tudo estático.
MaFe: Eu usava a BBS por volta de 1990. Era bem interessante poder "falar" com os amigos à distância. Depois, fiquei longe do mundo informático por cerca de 10 anos.
Sandro: Em 96 a web era apenas uma coleção de paginas estáticas muito feias.
MaFe: Era o possível...
Sandro: Se alguém dissesse: "isso é uma droga, vamos esquecer", não teríamos nada hoje!
MaFe: Na BBS não tinha belezura, mas tinha informação - super restrita, claro. E a internet continua sendo uma droga! Não pela ferramenta, mas pela torpeza da mente humana... O que eu acho é que já temos muito com o que fugir da vida real.
Sandro: Mas agora, a gente pode ir no guia de ruas, puxar um mapa, no internet banking e poupar tempo...
MaFe: ...E que fica muito tentador um "mundo perfeito", onde eu me pinto como eu acho lindo, e não me trabalho na vida real...
Sandro: O Second está fazendo um trabalho interessante de ressocialização de pessoas com dificuldades sociais (ie. com defeitos físicos, etc.)
MaFe: Ressocializando com quem? Que ressocialização? A que já tem nas salas de bate papo? Que coloca o deficiente pra fora? Ou que o cara finge ser perfeito? Como é que fica, a personalidade cindida? Ótimo isso, cindido por dentro! Na vida real eu sou "com defeito", no Second Life eu sou perfeito!
Sandro: Estou falando das pessoas que só mexem os olhos.
MaFe: Como é que se ressocializa alguém sem contato olho no olho, sem exemplos reais? Estou falando de deficientes em geral. Que ressocialização? Sem contato humano? Não ressocializa. Pode parecer que ressocializa, mas é mentira. É mais uma de Maya, vai entrando de cabeça. Re-socializa tanto quanto festa gigante de família, de copa do mundo (acabou, vai todo mundo pra casa e babau). Cadê o contato?
Sandro: Contato humano é muito difícil, sabia?
MaFe: É difícil porque a gente não pratica. Porque a gente não tem educação pro contato humano. Então a gente inventa essa bobagem de Orkut, Second Life e acredita que tem contato humano!
Sandro: É difícil porque as pessoas são muito diferentes.
MaFe: A dificuldade não é a diferença. É o preconceito.
Sandro: É difícil continuar tendo contato com pessoas q não se tem a menor afinidade.
MaFe: Mas pra que ter afinidade com 100% das pessoas? O problema nesse jogo do ser afim, é que se perde muita gente porque ao invés de se "esperar" a surpresa, se espera o "com-forma". Estabelecendo metas de relacionamento...
Sandro: Mas em um grupo, nem sempre acontece de sermos amigos de todo mundo. Acho que no mínimo, temos que ter bom relacionamento. E bom relacionamento, não significa que tenhamos que gostar do papo deste ou daquele.
MaFe: Mas isso não é um relacionamento de troca. É um verniz. É educado e pronto. Não troca, não socializa.
Sandro: Nem tudo dá pra trocar... Às vezes, pensamos alguma coisa mais profunda e guardamos para nós, pois se falarmos, incomoda muita gente! Ou então quando falamos alguma coisa mais pessoal.
MaFe: É que pra falar de si tem de ter intimidade. Todo mundo tem medo de ter intimidade hoje em dia. Porque ser íntimo significa ser capaz de se mostrar por inteiro, inclusive o lado feio e ser capaz de suportar o outro por inteiro, inclusive o lado feio do outro! Por isso que Orkut e Second Life fazem sucesso. Lá todo mundo só é bonito! Entende porque é que é maya? O tempo que se perde com isso?
Sandro: Claro que compreendo seu ponto de vista. Não sou cego. Sei que tudo isso existe.
MaFe: O que a pessoa poderia estar fazendo por si mesma em metade desse tempo? É urgente que acordemos. Quanto gastamos, realmente, olhando pra si mesmo por inteiro? Juntando suas forças? Sendo por si?
Sandro: Sim, eu sei. Perde-se muito tempo na coisa errada. Eu só não “demonizo” a novidade. Não acho que seja de todo o mau, e nem 100% boa. Quem sabe, essas coisas estejam aí justamente para a gente aprender usando... e aí, o que pode surgir..?

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sábado, 19 de maio de 2007

O virtual distrai as pessoas do real? Ou pode ajudar?



Essa pergunta é bem difícil de responder. Para isso, andamos conversando sobre o assunto, com pontos de vista bem diferentes.

Sandro: O Second Life está sendo usado como ferramenta de treinamento.
MaFe: Treinando focas?
Sandro: Focas?
MaFe: É... Assim as pessoas ficam adestradinhas! Já não chega a mídia escrita, falada e televisiva.
Sandro: Eu acho legal... O médico faz uma operação primeiro no Second Life... Se o paciente morrer, ele apenas vai para a "third life" :)
MaFe: Que triste! Nem aspirina funciona igual de uma pessoa pra outra! Que simulação pode incluir todas as possibilidades de um ser humano? Que bobagem.
Sandro: É lógico que ele não vai aprender tudo na simulação...
MaFe: É lógico que a simulação vai ser uma enganação! Que nem programa que já tem pra isso...
Sandro: Você quer que o aprendiz inexperiente vá abrindo um ser humano direto, para ter uma experiência real?
MaFe: É como é que é? O cara olha o médico experiente, e depois faz, conforme vai demonstrando habilidade.... (ou deveria ser assim).
Sandro: Ele faz em cadáveres primeiro. Ou em bonecos.
MaFe: Em cadáveres, porcos.
Sandro: Eu tinha uma professora especializada em construir bonecos "doentes" para serem operados.
MaFe: Que não reproduzem um corpo vivo. E já tem programa pra simular cirurgia faz tempo.
Sandro: Pelo contrário. O trabalho dela era reconhecido mundialmente. Pois ela tinha o dom de reproduzir o corpo humano em todas as suas nuances... textura, temperatura, cor, etc.
MaFe: Mas não pode reproduzir o "vivo" do ser humano. Os eventos de um vivo. É mais uma distração, um produto desnecessário da nossa sociedade! Por exemplo: Os médicos vão perdendo cada vez mais o respeito pela vida. Vão desaprendendo a esperar!
Sandro: Isso não é culpa do treinamento e nem do boneco!
MaFe: Não. É culpa do que a imagem do boneco ou do uso do programa sugerem.
Sandro: Só se alguém falar: "Você tem que tratar todos os seus pacientes como bonecos"...
MaFe: Não... Sandro, fica uma imagem no subconsciente.
Sandro: Hmmm... Imagina se ele treinar em porcos? Vai tratar todos os pacientes como tal?
MaFe: O porco precisa ser muito bem tratado, se não morre!
Sandro: Ou em cadáveres? O cara chega na mesa de cirurgia, e o médico já vê um defunto... hehe
MaFe: Mas o defunto já foi vivo... e na real, vai se aprender vendo na prática, e, errando. Por isso é bom fazer o impossível pra ter saúde. A cobaia SEMPRE é você!
Sandro: E na arquitetura? Se o cara simula um prédio, ele pode descobrir quais janelas colocar para ter mais luz.
MaFe: Se funcionasse 100%, prédio (e metrô) não caía. (Supondo que estamos dentro do terreno da idoneidade)
Sandro: Metrô e prédio caem por sem-vergonhice. Não vale!
MaFe: Tem certeza?
Sandro: Sim. Senão, cairia um por semana!
MaFe: O que a máquina faz é economizar o tempo, simulando. Mas a simulação tem de ser boa. Minha tese de mestrado foi em modelagem numérica.
Sandro: O cara pode descobrir, na simulação, a posição da janela que vai dar a melhor vista. Impossível de fazer na realidade.
MaFe: Não precisa de simulação pra isso, Sandro.
Sandro: A não ser que ele alugue um helicóptero? Suba em uma escada de bombeiros?
MaFe: As janelas não servem à vista. Servem à orientação do terreno e à orientação do $$$. E não precisa disso tudo pra sacar qual é a melhor vista. Simulação serve pra economizar tempo, no caso de cálculos matemáticos. No resto, é que nem q-suco. Faz a água ficar colorida, por vezes à custa de alguma coisa não muito interessante pro metabolismo, e não deixa de ser água. E informática é útil pra muita coisa, mas a maior parte dos usos é desnecessária e serve pra distrair...
Sandro: Eu acho que a gente ainda não sabe para que serve.
MaFe: Pode ser que sirva pra outras coisas que ainda não sacamos... não disse que não existem mais usos, que os usos estão esgotados. Disse que os usos mais estimulados são alienantes. Sandro: Pode ser.

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