quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O pesadelo da escola

Sandro: Tive um insight.

MaFe: Conta, conta, conta!

Sandro: Na verdade, eu tive um pesadelo.


MaFe: Hum, conta!

Sandro: É que fez todo o sentido do mundo.

MaFe: ... Creda... meda...


Sandro: Eu sonhei (de novo) que ainda não tinha me formado no segundo grau... Perderam meu certificado de conclusão.
Ainda faltavam uns 2 anos. E estava lá, naquela morosidade acadêmica... vendo os professores entrarem e saírem, contando os minutos, esperando as horas passarem... Pra finalmente tirar o "diplominha" para minha vida começar!

MaFe: rs. A vida começa quando a gente respira. Não dá pra ficar ensaiando! Nem é pra ser aprendida. É pra apreender. Que bacana seu sonho.

Sandro: Pois é. Mas na nossa sociedade, a pessoa passa 20-25 anos ensaiando, e aprendendo coisas que ela não vai precisar. Pra depois, quando ela já está "formada", ter que correr atrás do conhecimento que ela não aprendeu antes!

MaFe: E não aprendendo o que precisa. Fica um adulto sem educação mental/emocional/sentimental...


Sandro: E quando ela conclui a faculdade, ainda falta o mestrado, doutorado e livre docência. Falta, falta, falta! Ela nunca está pronta!

MaFe: É uma bobagem. O melhor jeito de ficar pronto é por a mão na massa. Sem se arvorar fazer o que não tem capacidade. (E capacitação não é sinônimo de capacidade...)

Sandro: Sim... Por isso há muitos profissionais frustados por aí... A faculdade dá o diploma, e quando é um ensino razoável, dá também alguma capacitação... Mas não dá a capacidade!

MaFe: Pronto, a gente nunca está, porque somos seres de alta plasticidade. Imagino agora, você pode se dar alforria. Eu tive sonhos parecidos, só que eu tinha que voltar pra faculdade. Me ligavam dizendo que meu curso estava incompleto, que eu tinha esquecido de fazer a cadeira x, y, z,... e que meu diploma só ia valer se eu "completasse" o curso.

Sandro: Uma vez, sonhei que o examinador trouxe uma pilha de papel... eram as provas que deveria refazer, desde a primeira série até o 3o colegial! Senão, o meu diploma da faculdade iria parar de valer!
Eu chorei, fiquei verde e vomitei.

MaFe: Uma noite eu me programei pra que se fosse esse sonho, que eu atuasse realmente. Quer dizer, eu me programei para qualquer noite em que o sonho viesse, pra que eu atuasse de acordo com a realidade. No sonho, eu falei: “não, seu fulano, eu acabei o curso, fiz tudo o que tinha de fazer e mais tantas cadeiras optativas.” Adivinha o que aconteceu depois?


Sandro: haha, vou tentar fazer isso também.

MaFe: Nunca mais sonhei esse sonho.

Sandro: Que bom!

MaFe: Você pode aparecer com as cópias autenticadas das suas provas feitas, tudo nota 10.00.

Sandro: Ah é verdade.. eu só tirava 10 na escola. Minha nota mais baixa era 8.5.

MaFe: (eu renovei minha assinatura da bola de cristal a cabo)

Sandro: Essa técnica de "entrar" no sonho para resolver, é dos índios norte-americanos.

MaFe: Vai ver eu já fui "De-pé-com-punho" [do filme “dança com Lobos”], risos, muitos risos! ;)


Sandro: risos! Uma vez, na realidade, eu reencontrei uma professora do ensino básico. Ela me abraçou e pediu desculpas. Quer dizer, aconteceu de verdade, não foi sonho. Muitos anos depois ela se tornou amiga da minha mãe...

MaFe: Sim, eu entendi que foi no mundo "real", que você encontrou sua professora.

Sandro: Na época, ela pediu para me tirarem do colégio... porque ela me achava "estranho", e que eu deveria ter problemas de aprendizado...
Depois ela fez um curso sobre superdotados... muitos anos depois. Quando ela me encontrou, já adulto, ela veio e me abraçou, dizendo que não entendia na época.

MaFe: Que bacana. É, o entendimento incerto faz muito mal. Por isso recitar o mantra Gayatri é bacana. Numa tradução bem livre, o Gayatri fala:

"Nós meditamos na glória do Criador;
Quem criou o Universo;
Que é digno de adoração;
Que é a corporificação do Conhecimento e da Luz;
Que é o removedor de todos os enganos e da ignorância;
Que Ele ilumine nosso intelecto."

É a capacidade de lidar com o diferente.

Sandro: Tudo bem que "superdotado" é um rótulo como são outros rótulos quaisquer...

MaFe: ...Num interessa se é pra mais ou pra menos.


Sandro: Mesmo "mais" e "menos" é um juízo de valor relativo.
Obrigado por me deixar contar esse sonho para você.

MaFe: Por nada... Sinta-se à vontade.


Sandro: Quando a gente conta, já começa a lidar com a “força” do sonho... a se sentir melhor.

Obs: Duas semanas depois, eu me matriculei em um curso pela internet extremamente puxado, com uma proposta pedagógica estranha - várias multas em dinheiro para quem entregasse os trabalhos atrasados.
Nessa noite, eu tive outro sonho: Estava fazendo uma prova na recepção de uma universidade, junto a muitos outros candidatos, para tentar uma vaga em uma pós. Os candidatos foram acomodados displicentemente, espalhados em sofás, cadeiras e até em cima da mesa da secretária. O professor que aplicava a prova era bastante grosseiro e intimidador. Com todo mundo me olhando, eu simplesmente levantei, rasguei a prova, entreguei e saí.
Quando acordei, pude ver que não é essa forma de pedagogia que eu me adapto e cancelei o curso. Me sinto bem por ter tomado a decisão correta, e por ter "vencido as barreiras" no meu sonho!

Obs 2: Há uma continuação deste post - O sonho na escola. Lá eu comento a experiência dos índios norte-americanos.

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