quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O bichinho espiritual dentro de cada um


Carol:. Não é nada comum um homem conversar sobre coisas ocultas, misticismo, esoterismo... se interessar realmente.

Sandro: É verdade...

Carol: Por outro lado, as mulheres se interessam bastante, mas muitas sem pesquisa nem fundamento. Aí acho que pode virar bobagem. Viagem na maionese new-age...

Sandro: hahaha! Acho que algumas coisas só servem pra distrair... Vira "esoterite"!
Excesso de pirâmides, cristaizinhos, gnominhos, incensos e quinquilharias que servem pra isso e aquilo.... (É a “penduricalhodependência”, como diz a MaFê... risos.)

Carol: Por outro lado, é legal conversar sobre metafísica, crescimento espiritual, etc.!
Isso para mim não é algo fútil... É um interesse diferente da maioria das pessoas...
Alguns só sabem conversar sobre coisas materiais... falar de jogo, de carro ou de mulheres.


Sandro: É legal falar de coisas espirituais sim... quando não fica só no "papo furado"...
Também existem pessoas que entendem as coisas pelo coração, não precisam ficar falando! (Preferível assim, a outras que só falam e não fazem?!)
Que importa mesmo é a atitude.

Carol: Também acho!!! Claro!
Mas o que eu quero dizer é... o quanto de gente se interessa pelo próprio crescimento espiritual? Vendo desse ponto de vista, sem a parte espiritual, todas as preocupações, interesses, assuntos ou falta de assunto...parecem... hum... fúteis.


Sandro: Tem aqueles também que se interessam mas não falam, porque têm vergonha...
Vergonha do que os outros vão pensar!
Só depois de um tempo as pessoas vão perdendo o medo do ridículo e conseguem falar sobre amor, paz, coisas espirituais na frente de todo mundo!

Carol: É verdade... Um dia eu estava conversando com um amigo sobre espiritualidade...
Bom, ele me disse que o lado espiritual dele era uma conchinha...

Outras pessoas dizem que não acreditam em nada. Acho isso muito frio, máquina.
Pior aqueles que não acreditam em nadaaaaa e tiram sarro dos outros que acreditam!
Pra mim isso é falta de amor...de humanidade.
Porque faz parte da nossa existência acreditar em algo...

Sandro: Eu vejo isso como uma fase.

Carol: Como assim?


Sandro: Todo mundo passa por isso (pela dúvida, descrença...) alguma vez em sua jornada!

Carol: Aaaah. Sei lá... pessoa vive uma vida toda e continua sendo ateu...
Só importa dinheiro, bens materiais e o lado espiritual é mesmo um bichinho enterrado na areia.

Interessante que a pessoa pode ser assim, mas ser boa, né? Boa mesmo, de coração!

Sandro: Pode! Interessante, né?

Carol: Só acho que nesse caso ela deve ter perdido valores no meio do caminho por falta de alimentar a alma! risos.

Sandro: Sim, Carol... Acredito que esta pessoa passa pela fase da negação... devido ao medo do que pode haver do outro lado! E ao apego aos valores racionais, da materialidade.
Mas é só uma fase no nosso caminho...
Que é melhor um ateu* e materialista* bom, do que um "espiritualizado" que apronta com os outros!

Carol: Concordo!
Mas ainda acho que essas pessoas perdem um pouco sendo tão frias.

Sandro: Perdem* a chance de aproveitar a paz/abertura/aprendizado que a fé em Algo proporciona! [* Mas há alternativas... vide obs.2]

Carol: Nos casos que citei eu vejo um ponto em comum, mas não consigo de fato enxergar...

São pessoas boas, de coração bom, mas elas tem um "quê" de perdidos!
Não sei ainda o que é...mas tem!

Talvez seja o fato deles serem céticos* e não respeitarem a religião dos outros.
Porque quando se é muito cético tudo o que os outros falam é bobagem...
Esse comportamento não é legal.


Sandro: Poxa, Carol... O que deve se passar no fundo da alma dessas pessoas?
Sabia que em geral os ateus* são as pessoas que mais falam em Deus? Uma vez, um padre (não lembro o nome) brincou que Deus um dia iria contratar os ateus para serem Seus ´relações públicas’ haha! Porque não param de falar no nome Dele! (Mesmo que seja para gozar a religião do outro.)

Carol: É mesmo!

Sandro: Imagina, assim o cara se debate entre a crença e a descrença (senão, não haveria tanta necessidade de ficar falando no assunto!)

Carol: Então porque não se “assume” de vez??

Sandro: Olha... Lá no fundo da cabeça, existe o medo de não existir nada depois desta vida.
A pessoa evita a fé, pois acha que se não conseguir te-la suficiente, vai viver atemorizado, encarando o fim eterno!

Carol: hummm...Interessante.

Sandro: Então a pessoa nega até o fim, por medo. Não acha?

Carol: É, pensando bem, são pessoas que sempre falam que tem medo da morte...

O assunto está ficando mais claro agora.

Sandro: Ou ela tem medo/raiva de um deus punitivo, que foi ensinado (erradamente) pelas religiões no passado.

Carol: hummmm. Pode ser o caso de quem vem de família muito religiosa, com muitas cobranças, moralista... pode ser.


Sandro:Não dá pra amar um deus assim... injusto, punitivo, elitista (alguns vão pra minha glória, outros para o inferno...) que algumas religiões erradamente ensinavam.
Só esqueceram de ensinar que Deus na verdade é só amor e acolhimento!

Carol: Concordoooo!!!


Sandro: Olha só a frase de Voltaire, o pai do ateísmo*, ao ser perguntado por que não aceitava Deus:
"Não posso aceitar um Deus a quem não posso amar. O Deus que me ensinaram deve ser temido e, como não quero temê-lo, prefiro ignorá-lo"
.

Carol: Puxa vida!

Obs. Sobre *céticos, *ateus e *materialistas:
"Cético", "ateu", "materialista" são palavras, na nossa cultura, que deixam de ser apenas expressões para virarem rótulos, "catchigurias" que se elevam ao escaninho das definições prontas - portanto distantes do sentido apenas observador que pretendemos.
(Também vale lembrar que céticos, ateus ou materialistas não necessariamente são cínicos.
Mas há "espiritualizados" que assumem uma religião apenas externa e podem na verdade ser cínicos, pelo menos em relação à religião do outro...)
Assim, eu (Sandro) e a Mafê comentamos mais um pouco do assunto no próximo post - O bichinho espiritual... - Parte Dois

Obs.2 Havia pensado como o ateísmo e o ceticismo podem atrapalhar a descoberta de certas verdades e valores espirituais (pelo menos no plano intelectual, que é onde residem todas as crenças, não-crenças e dissensões.)
Mas não é bem assim. Um indivíduo pode ser ateu intelectualmente, mas ainda assim, intuir o sentido do Cosmos de uma forma mais mística que a dos próprios místicos!
A frase de Carl Sagan: "Nós somos uma maneira do Cosmos conhecer a si mesmo", diz muito sobre isso...

E como fica o desenvolvimento do espírito?
A maioria dos caminhos necessitam que o caminhante de alguma forma aceite a existência de Deus para serem seguidos. (Como exemplo, a maioria das religiões e tradições esotéricas)
Mas ainda há caminhos como o Budismo, para o qual a existência ou não de Deus não é tema de preocupação.
Ou o Quarto Caminho de Gurdjieff, chamado de "caminho do homem inteligente", pois não necessita nenhum tipo de fé especial para ser seguido.
Trabalha, sobretudo no início, com base apenas na aceitação do intelecto de determinados princípios e práticas para desenvolvimento interior.
Ou seja, nesse trabalho o homem não precisa nem acreditar que tem uma alma - a meta é descobri-la e construí-la durante o caminho.

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