segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Camiseta branca "limpa" e natureza "suja"


Sandro: Assisti um vídeo de experimentos em animais.
MaFê: Experimentos? Que tipo?
Sandro: Para “testar” se um produto de limpeza vai irritar os olhos do consumidor.
Como pingar ácido no olho do coelho pra ver o que acontece.
MaFê: Creda!
Sandro: Em outro experimento, para “testar” o que acontece se alguém beber o produto de limpeza, tem uma espécie de pau de arara, e o bicho fica ali, preso, paradinho, recebendo substâncias químicas por um tubo. Durante anos.
MaFê: Pra que isso?
Sandro: Várias coisas... Pra “verificar” se cosméticos, desinfetantes, etc. fazem mal para o ser humano.
MaFê: É claro que fazem mal. rs. É essa mania do branqueamento. Branqueia alimento, roupa, casa.
E bronzeia gente.

Sandro: Em algumas faculdades de medicina, biologia, etc. eles dão stricnina pros ratinhos só pra ver suas tripas saindo pela boca. Eles acreditam que assim “provam científicamente” o experimento, embora todo mundo saiba que esse é o resultado.
MaFê: Creda! É um mundo muito estranho esse nosso. O povo dá risada de mim quando eu falo que limpo minha casa com água.
Sandro: Está certo. Água é solvente universal.
MaFê: Dar risada, né?
Sandro: Vivemos em uma cultura exagerada do "absolutamente limpo", "absolutamente branco". Desisti de comprar uma marca líder de sabão em pó, pois ela deixa tudo tão "mais branco", que até as roupas coloridas branqueiam...
MaFê: Isso acontece com toda fibra natural. É da natureza do corante de fibras naturais ter menor solidez.
Porém, o sabão em pó geralmente tem um “bissulfito alguma coisa” que é um agente que descolore/branqueia.
Sandro: Acha legal blogar isso?
MaFê: Pode ir pro blog... Mas quem quer saber de casa “suja”? Outro dia eu li um artigo que relaciona isso (os ambientes super limpos) com sistema imunológico 'lerdo'.
Sandro: Eu acho esses sabonetes anti-bactérias... desperdício de dinheiro. Principalmente porque eles mostram na propaganda que a natureza (o quintal de casa) é uma coisa “suja” e “perigosa”!
MaFê: Por outro lado, quem é que disse que pra ter saúde, você precisa ficar doente? Assim, pra ter um sistema imunológico bom, necessariamente, você não precisa ficar 'estimulando-o' todo dia...
Só que as pessoas acham que a sujeira de fora, do ambiente, é perigosa e esquecem do que, e de quanto, colocam pra dentro através das escolhas alimentares [erradas] e dos padrões de pensamento [negativos]. Depois, é a poeira, o pólen, o pelo do bicho que levam a culpa...
Sandro: Eu fico pensando que é excesso de rigor esse negócio de querer azulejos brancos rejuntados com cimento branco, absolutamente, perfeitamente brancos. Se fizer muita questão de brancura, rejunta com outra coisa, pois o cimento branco é poroso e vai criar limo sempre! É uma batalha perdida.
MaFê: É verdade.
Sandro: Hoje existem novos materiais que necessitam de muito menos manutenção e ficam limpos mais fácil. Essa coisa da "superlimpeza", eu acho que vêm da mentalidade colonial, que era: "temos escravos para limpar cada curvinha de nossos móveis rococós".
MaFê: Com certeza! E da dificuldade de ter coisa branca (era caro, isso inclui os alimentos refinados também: açúcar refinado custava os olhos da cara).
Sandro: Um pacotinho de açúcar valia o equivalente a um pequeno sítio...
MaFê: Verdade. E os ricos jogavam um açúcar branco por cima do doce, pra esnobar... e ficou assim até hoje.
Sandro: E para uma superlipeza, precisamos de empresas dedicadas a criar superprodutos de limpeza, cada vez mais agressivos.
MaFê: É engraçado. Pois que vai produzir super-bactérias!
Sandro: E essas super-bactérias... necessitarão de produtos cada vez mais fortes, confirmando e reafirmando a crença da necessidade de superlimpeza! Demonstrando o pensamento de que, quando o homem quer acreditar em algo, sempre conseguirá provas de que aquilo que ele quer, é verdade.
MaFê: Isso. O velho e bom Henry Ford. E o ser humano vai se tornando um ser penduricalhodependente.
Sandro: heheh! E no final, toda a toxidade é concentrada através da cadeia alimentar. O coelho (do abatedouro) come 100 alfaces contaminadas, o homem come 100 coelhos contaminados.
MaFê: Sim. O problema que não é só agrotóxico do alface. Tem os antibióticos e os hormônios. (Eu nem gosto de falar muito nisso, porque dá a impressão que não tem nada comível que não esteja danado.)
Sandro: O homem acha que não faz parte da natureza. Acha que está acima, é mais nobre do que ela, e pode dispor da natureza a seu bel-prazer... Uma vez, fizemos na escola uma pesquisa com trabalhadores, e perguntamos se, em seu trabalho, eles têm contato com a natureza. Todos responderam que não. (Esquecendo-se de que tinham contato com seres humanos, e seres humanos fazem parte da natureza!)
MaFê: Mundo estranho SA.

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